UMA PERSPECTIVA PSICANALÍTICA[1]
DEPTO. DE EDUCAÇÃO – UFRPE
Dedicado à Ana Augusta Duarte-Sobreira
A questão do êxito e do fracasso escolar, questão demasiado paradoxal para acolher uma só explicação, exige ser repensada pois as teorias para "explicar" tal fenômeno não proporcionaram plena satisfação aos cientistas que fazemos as mal chamadas "ciências psi". Por ciências psi (melhor dito, saberes psi) entenda-se um conjunto multidisciplinar e trans-epistêmico agregando a psicanálise, a psicologia, a psiquiatria e se robustece com o advento da psicopedagogia, que agora integra esse o rol das especialidades acadêmicas.
Em suas primeiras luzes, desde que começou a ser forjada no espírito dos seus pioneiros, a psicopedagogia inquietou-se com o problema do êxito e do fracasso escolar. A síntese acadêmica que resulta na psicopedagogia é a própria ilustração desse fato: os saberes da psicologia e da pedagogia não comportavam sozinhas as exigências do pensar e do fazer a arte do ensinar e do aprender, objeto teórico e prático específicos da psicologia e da pedagogia.
Assim, o nascimento da psicopedagogia sinaliza os anseios de um novo pensar sobre o processo ensino-aprendizagem. Queremos saber algo mais sobre os mistérios que envolve o ofício de transmissão de saberes. O que produz a centelha do saber dentro das pessoas? Como e em quais circunstâncias é possível alguém ensinar alguma coisa a outrem? Aprender percorre o itinerário de dentro para fora? É possível ensinar a quem não sabe o ensinado? O enunciado do ensinante era desconhecido pelo ensinado?
Tais perguntas comportam diversas respostas. Para refletir sobre esse tema, desde o ponto de vista do êxito e do fracasso escolar, vamos utilizar o universo conceitual da Psicanálise, ampliando-o desde uma perspectiva social, para promover o entendimento global do ensinar e do aprender dentro do contexto da nossa sociedade específica.
Assim, em primeiro lugar vamos convocar à cena o pensar dos brasileiros que articulam o discurso da psicanálise com a educação. Evoco, em primeiro lugar, o psicanalista Célio Garcia, professor da UFMG, em seu profundo texto "Psicanálise e Educação" afirma que "toda e qualquer pedagogia expõe o sujeito ao outro e é fonte de aculturação. A educação solicita o aprendiz a entrar em contato com a alteridade a mais estranha, exige que ele renasça mestiço."[2]
O autor que dizer que, no encontro entre o ensinante e o aprendente, perpassa uma linha invisível (e indizível) do desejo. Todo desejo remete à nossa incompletude, à uma falta que reivindica satisfação, algo da ordem muito singular, do sujeito. Tanto do que ensina quanto do que aprende. A tecitura desejante é um entramado de comunicações metalingüísticas subjacentes ao desejo de saber e ao desejo de poder de cada um dos componentes da dinâmica ensinar-aprender.
Para possibilitar um patamar mais elevado de discussão, a Psicanálise propõe não uma reforma da pedagogia enquanto "ciência da educação", nem da didática (didax, dedo em riste) enquanto método, mas sim articula-se um novo patamar epistêmico na medida em que a sugere uma reforma do entendimento. Nesse projeto inclui-se a instauração da Pedagogia Clínica, "decididamente instruída pela Psicanálise", no dizer de Célio Garcia, que completa: "A Pedagogia Clínica não se pauta pelo dogma, nem se limita à estrutura, ela conhece o indistinto (o indecidível), porém não o confunde com a incerteza."[3] Assim, o erro (e, com ele, o fracasso escolar) pode levar à reflexão diversa da clássica concepção linear do que é certo e do que é errado, no campo do ensino-aprendizagem.
Freud, por seu lado, tocou no tema "educação" em 97 dos seus trabalhos, embora tenha dedicado especial atenção à questão na sua conferência XXXIV, no volume XXII da Edição Stardard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, onde lemos que:
"Percebemos que a dificuldade da infância reside no fato de que, num curto espaço de tempo, uma criança tem de assimilar os resultados de uma evolução cultural que se estende por milhares de anos, incluindo-se aí a aquisição do controle de seus instintos e a adaptação à sociedade (...) Só pode efetuar uma parte dessa modificação através do seu desenvolvimento; muitas coisas devem ser impostas à criança pela educação. Não nos surpreendemos se muitas vezes as crianças executam essa tarefa de modo muito imperfeito. Durante esses primeiros anos, muitas delas passam por estados que podem ser equiparados a neuroses (...). Em algumas crianças, a doença neurótica não espera até a puberdade, mas irrompe já na infância e dá muito trabalho aos pais e aos médicos."[4]
Portanto, não há dúvida que as "releituras" de Freud indiquem a persistência de uma preocupação, por parte de Freud, da temática educação. O que a Psicanálise colocou em evidência é o paradoxo no qual se inscrevem o educando e o educador. Isso porque a educação é um dos meios de o indivíduo suportar e controlar suas pulsões naturais, por um lado; por outro lado, a Psicanálise também revelou que reprimir as pulsões instintivas é o melhor método para produzir neuroses.
Quando Freud dizia que governar, educar e (psic)analisar são "ofícios impossíveis". Note-se que os três acima referidos dizem respeito ao contato do indivíduo que, para realizar a construção simbólica da sua "personalidade", coloca em contato interpessoal o desejo, nesse caso especificamente o desejo de saber que, para Freud, tinha uma conotação sexual.
O desejo de aprender do aprendiz está conectado com o desejo de ensinar do ensinante. Vale lembrar que o vocábulo "ensinar" deriva do in-signare latino, ou seja, colocar sinais, apontar direções, sugerir os melhores caminhos. Missão por excelência dos mestres de todas as épocas. A transmissão do conhecimento tem como suporte a palavra, sustentáculo da civilização por integrar o tríplice intercâmbio cultural proposto por Levi-Strauss.
Freud nos alertará, em sua artigo O Interesse Científico da Psicanálise, que "só pode ensinar aquele que está capacitado a entrar na alma do seu aluno."[5] [6] Nesse diálogo de psique para psique, ou seja, de alma para alma, uma ilumina a outra, fazendo surgir conhecimentos ocultos do próprio sujeito. Desde os gregos questiona-se a possibilidade de alguém transmitir conhecimentos que não estejam in potentia dentro do próprio indivíduo, esperando oportunidade para vir à tona.
Em contrapartida, a psicanálise fala de um desejo que não permite ser conhecido. Algo que se inscreve na ordem do inconsciente e do inominável: aquilo que não tem nome e nem existência (dado que o que não é nomeado, não possui direito de reivindicação às vida. Assim, a psicologia de corte psicanalítico está bastante distanciado das concepções puramente pedagógicas que não conseguem admitir um conhecimento de natureza inconsciente porque a ela não lhe é familiar a estrutura psíquica, as teorias das pulsões e outros signos e significados próprios à psicologia.
Este inconsciente manifesta-se nos sonhos, nos sintomas, nos chistes, nos atos falhos e no lapsos de língua. Este indescritível inconscientes coloca em cena as questões emocionais mais profundas, neles marcados desde a mais tenra infância.
Por causa disso é tão importante a relação professor-aluno pois neste confronto são colocados duas pessoas, cada uma com sua própria "herança" afetivo-emocional. De modo que o encontro entre o ensinante e o aprendente nos leva à discussão sobre a relação docente-discente, especialmente porque "as perguntas e os motivos que levam um aluno a aprender ou a fracassar desembocam, direta ou indiretamente, em respostas que trazem para o primeiro plano da cena pedagógica a relação professor-aluno."[7]
Evidenciar-se-á o desejo de ensinar, do professor, e o desejo de saber, do outro. Então, por um lado o aluno supõe que o professor saiba o que ele deseja aprender, mas por outro lado, o professor não sabe o que os estudantes querem saber.
Desse modo fica claríssimo que a tarefa pedagógica consiste na enunciação de dois vetores desejantes: o de quem ensina e o de quem aprende. Os desejos de ensinar e aprender provoca uma confusão mental nos professores que querem ser amados por haverem colaborado com o êxito social de ex-discípulos. Assim, "eles [professores] se afastam da possibilidade de sustentar a transmissão, não realizam outras função a não ser a da sedução, já que acreditam ser, eles próprios, o verdadeiro objeto de amor de seus alunos."[8]
Estamos, pois, diante do múltiplas variações do desejo. Ou seja, estamos no campo específico da psicanálise que é convocada a emitir um discurso sobre a questão do fracasso escolar, fracasso este entendido já desde uma outras perspectiva que é a de um sintoma de uma espécie de mal-estar sócio-cultural que precede e prossegue antes, durante e depois do processo ensino-aprendizagem.
O próprio termo "fracasso" já implica em um julgamento de valor, lembra Anny Cordié. Em seu livro Os Atrasados não Existem, no qual trata da psicanálise de crianças com fracasso escolar, esta autora afirma:
"Ser bem-sucedido na escola é ter uma perspectiva do ter, mais, tarde, um a bela situação, de Ter acesso, portanto, ao consumo de bens. Significa também 'ser alguém', isto é, possuir o falo imaginário, ser considerado, respeitado. O dinheiro e o poder, não são eles a felicidade? (...) O fracasso escolar pressupõe a renúncia a tudo isso, a renúncia ao gozo."[9]
Abdicar do gozo exige também uma interpretação radical. Gozo, num sentido metafreudiano, significará para Lacan algo além do princípio do prazer : "O gozo é o que o sujeito procura além dos objetos de sua cobiça na suas condutas repetitivas, e que podem muito bem ser o sofrimento ou a morte", afirma Cordié.[10]
Já temos, portanto, uma função para o sintoma representado pelo fracasso escolar. Considerando que o sintoma é a atividade erótica do neurótico, fornecendo-lhe um gozo secundário mesmo através do fracasso escolar, estamos diante da evidência de que a economia libidinal está ligada aos processos ensino-aprendizagem, no qual até mesmo o êxito escolar revela as dificuldades psicológicas do sujeito aprendente. É essa dinâmica que Piaget negligenciou na sua epistemologia genética, pois o mesmo acreditava que o rendimento intelectual era independente do desenvolvimento psico-sexual-afetivo-emocional. Daí porque a idéia da ligação entre as dificuldades escolares e a inibição neurótica lhe era completamente estranha.[11]
Para analisar o fracasso (e mesmo o êxito) escolar é preciso entender que além dos desejos inconscientes que trafegam em mãos dupla na relação professor-aluno, existe o fenômeno da transferência através do qual os participantes desta díade.
O fracasso é o ponto de estrangulamento na relação ensino-aprendizagem que teria como substrato não apenas condições cognitivas passíveis de mensuração, mas sim algo da ordem do imponderável e mesmo do irracional, dado que o sintoma (o não-aprender) é um epifenômeno, o sinal de um profundo mal-estar do sujeito, este assujeitado às condições do seu gozo (ou da falta dele) nas primeiras fases do desenvolvimento psico-sexual do indivíduo, na sua primeira infância, que o tornou um ser dividido entre o princípio do prazer e o princípio da realidade, entre as exigências do gozo colocadas pelas pulsões instintuais, por um lado, e a denegação do gozo, imposta pela "cultura".
Portanto, o fracasso escolar representa um sintoma, e não debilidade cognitiva. Por isso, temos que ter cuidado quando nos deparamos com crianças "diagnosticadas" como portadoras de debilidade intelectual. Os motivos que instalam o sintoma não são só de ordem intrapsíquicas, mas inclusive de ordem econômico-social: "A desigualdade dos cidadãos, que se fundamenta na diferença de classes sociais, reaparece atualmente sob a forma de desigualdade das capacidades intelectuais", afirma Cordié.[12] Ocorre que na imensa maioria das vezes aquilo que é sintomático se transforma em estrutural, sem esquecer que limitações intelectuais são encontradas em todas as estruturas psicopatológicas.
Com o objetivo de proporcionar novo campo explicativo para a questão do êxito e do fracasso escolar, é necessário estabelecer que na prática psicopedagógica de inspiração psicanalítica (para quem a segue) existem os tópicos que não podem ser esquecidos, a saber:
· a dimensão do inconsciente;
· a noção de estrutura neurótica ou psicótica;
· o sentido do sintoma; e
· a inscrição do sujeito no campo da linguagem.[13]
Anny Cordié, dentro da coerência do seu discurso psicanalítico, critica Jean Piaget porque apesar de o mesmo haver escrito mais de duzentos títulos, num total de vinte mil páginas, num período de 60 anos, o mesmo procede o isolamento social do sujeito que aprende. "Piaget bem sabia que as crianças que observava tinham afetos, conflitos, emoções, mas pensava que não tinha que considerá-los na avaliação do desenvolvimento intelectual: ele acreditava na autonomia das faculdades cognitivas", resume Cordié.[14]
O "rigor mecânico" dessa abordagem foi criticado por muitos autores, inclusive por Henry Wallon, que tentou realizar uma crítica elaborada dos conceitos piagetianos. Outra dimensão, a do social, também foi resgatada por Lev Simonovich Vigotsky. Segundo Cordié: "O que Piaget esquece é que as potencialidades só se realizam em certas condições. Essas se referem principalmente à qualidade das trocas com o Outro, um Outro que inscreve a criança no universo simbólico."[15]
Enquanto Piaget tão somente abstraía, por opção de isolamento metodológico, de componentes como pulsões, conflitos intrapsíquicos, afetos inconscientes e desejos recalcados, nos seus seguidores esta opção tornou-se negação desses componentes acima referidos.
Wallon resgata a "emoção como substrato do ato cognitivo [e] o afeto como raiz do intelecto".[16] Lacan, durante o seminário de 12 de junho de 1963, também critica Piaget afirmando: "Piaget desconhece totalmente o que há como causa em uma torneira para uma criança: são os desejos que essa torneira provoca nela, a saber, por exemplo, o fato de ela lhe dar vontade de fazer pipi. (...) A torneira se encontra também no lugar da causa no nível de sua dimensão fálica"[17]
Desse modo, a causa do desenvolvimento na concepção de Piaget se reduz ao determinismo biológico, ao passo que a causa do sujeito, desde a perspectiva psicanalítica, é encontrada na sua condição de sujeito originalmente dividido.
Mas é bom lembrar que nosso universo de investigação, por ser demasiado amplo, exige uma abordagem pluridisciplinar dos sintomas, sem cair nos riscos fáceis de se tornar incoerente por força das discrepâncias entre alguns paradigmas das teorias aqui evocadas. Anny Cordié nos alerta para os perigos teóricos e técnicos dos grandes sistemas que tentando realizar uma síntese de diversos corpus epistêmicos, terminam por criar uma síncrese no estilo da criatura ao qual o doutor Franckenstein deu vida. Segundo Cordié, "nunca é bom que os ensinantes se ponham a fazer interpretações psicanalíticas ou que os analistas se façam de pedagogos ou de assistentes sociais", resume.[18]
Para nos aproximar da conclusão desta exposição, devemos recordar que a inibição intelectual (e, portanto, o fracasso escolar) é proveniente de uma desordem neurótica, pois o desejo de saber (ou a pulsão de saber, como Freud chama) ficou inibido quando atingido por um interdito, uma proibição sobre algo que o sujeito queria saber, de modo que o conhecimento ameaça o equilíbrio do sujeito e, por isso, ele se nega (inconscientemente) a aprender.
Entretanto, existem aqueles casos mais complicados em que o sujeito apresenta uma inibição das estruturas psicóticas, na qual o sujeito não pode ter acesso à ordem simbólica devido a uma falha em sua estrutura psíquica que impede seu acesso ao saber.
E, por último mas não menos importante, temos aqueles casos nos quais o fracasso escolar está associado a carência de contribuição significativa na qual as crianças de meios populares não recebem os devidos estímulos lingüísticos, culturais e sociais que podem ser agravadas naqueles casos em que a pobreza afetiva e emocional está associada à penúria econômica e cultural da família do sujeito aprendente.
Aprender, compreender, está ligado à pulsão da vida e é em última análise um hino de vitória sobre nossa maior inimiga, a que torna débil quem não conquista os melhores patamares da pirâmide do conhecimento. Por estar ligado às pulsões eróticas e ao princípio do prazer, a vontade ou a pulsão do saber poderá tornar-se em muitos sujeitos uma verdadeira paixão pelo saber.
Em contrapartida, deve existir uma "paixão da ignorância", afirma Anny Cordié, que estaria ligada à pulsão de morte, através do qual o sujeito é excluído por força de exclusões que experimentou nos seus primeiros laços afetivos, na sua mais tenra infância.
EPÍLOGO
Concluindo, sabemos que o objetivo da vida é a conquista do gozo, "um gozo que se evade sem cessar, mas a cuja busca eterna o sujeito se prende. Esse gozo, próximo da pulsão de morte, deverá ser domado pelo sujeito. Para isso, o sujeito deverá submeter-se às regras do prazer e do desejo, bem como aos interditos da Lei."[19]
E a melhor forma de assujeitar o sujeito é articulando desejo e prazer no desafio cultural do bem aprender, isto é, da conquista do êxito escolar, através do qual o sujeito se inscreve como vitorioso no meio social onde escreve sua história individual e coletiva.
[1] Conferência proferida no I Encontro Regional de Psicopedagogia, realizado de 12 a 14/02/1999, em Porto Velho, Rondônia.
[2] C. GARCIA, "Psicanálise e Educação", in Eliana LOPES (Org.), A Psicanálise Escuta a Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 1998, p. 22.
[3] Id., op. cit., p. 22.
[4] S. FREUD, "Conferência XXXIV", Edição Eletrônica Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, s/d.
[5] Conf. J. B. MENDONÇA FILHO., "Ensinar: Do mal-entendido ao inesperado da transmissão", in Eliana LOPES (Org.), A Psicanálise Escuta a Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 1998, p. 75.
[8] Id., op. cit., p. 104.
[9] A. CORDIÉ, Os Atrasados não Existem: Psicanálise de Criança com Fracasso Escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996, p. 21.
[10] Id., op. cit., p. 152.
[11] Conf. Id., op. cit., p. 41.
[12] Id., op. cit., pp. 112-113.
[13] Conf. Id., op. cit., p. 115.
[14] Id., op. cit., p. 116.
[15] Id., op. cit., p. 118.
[16] Apud id., op. cit., p. 119.
[17] Apud id., ibid.
[18] Id., op. cit., p. 121.
[19] Id., op. cit., pp. 152-153.